sábado, 21 de fevereiro de 2009

Lipi e a Fenda lábio palatina


Esta malformação congénita é devida a múltiplos factores. A fenda palatina com ou sem lábio leporino pode ser hereditária, mas maioritariamente resulta de uma incompleta fusão dos segmentos da face. A deficiência em vitamina B12 e ácido fólico são apontados como causas prováveis, mas são múltiplos os factores que podem tomar parte. Como tal não sabemos exactamente causa e não vale a pena procurar culpados.
Esta malformação pode apresentar-se de forma isolada mas episodicamente pode integrar síndromas mais complexas
Quando o diagnostico é feito (geralmente ainda na ecografia morfológica obstétrica), os pais devem falar com o médico que os possa esclarecer quanto aos passos que se vão seguir ao nascimento.
As Crianças com fenda labio-palatina, ou apenas fenda palatina, são sujeitas a uma série de intervenções ao longo da sua vida.
Geralmente os passos incluem a reparação do lábio por volta dos 3 meses (embora esta cirurgia possa ser adiada se a criança for prematura ou leve para a idade)
O palato é mais tarde corrigido (cerca dos 12 meses). Cada cirurgião tem o seu protocolo de actuação, e o ideal é que esteja integrado numa equipa multidisciplinar que permita oferecer completo tratamento.
A equipa compõe-se idealmente de um terapeuta da fala, ortodontista, estomatologista, Otorrinolaringologista, Pediatra e claro, o cirurgião pediátrico, que se integram no cuidado da criança.
Depois do primeiro ano de vida, podem ser necessários novos procedimentos segundo a gravidade e modificações da face que resultem do crescimento.
O objectivo é manter a função da face e a sua simetria ao longo do crescimento.
A persistência de fístulas e disfunção do palato que perturbam a fala, são os problemas que surgem habitualmente e que levam a mais cirurgias.
Nas crianças com fenda labio-palatina as cicatrizes são geralmente visíveis e a noção de diferença por parte da criança surge por volta dos 2 a 4 anos de idade.
Mas todos nós temos as nossas cicatrizes. A sua abordagem directa ajuda a criança a lidar com essa diferença. O diálogo aberto e apoio parental, a inclusão da criança nas decisões assim que ela o possa compreender, ajudam na diminuição do efeito negativo da deformidade congénita.
As crianças com fenda palatina ou labio-palatina não têm maior incidência de problemas na aprendizagem. No entanto os problemas da fala quando o palato está envolvido são mais frequentes. Como tal estas crianças exigem seguimento contínuo, no mínimo anual, para que possam ser abordadas as suas dificuldades ao longo do crescimento. Também a patologia do ouvido é mais frequente neste grupo, mas a sua abordagem resolve os problemas de audição que possam estar presentes e que estejam a dificultar a aprendizagem.
Não poderia terminar sem felicitar um grupo de trabalho que recentemente conheci.
O grupo da fenda palatina do Hospital de S. João empenha-se ao máximo de uma forma interdisciplinar, na saúde destas crianças.
Convido então quem estiver interessado a conhecer a sua mascote - o Lipi - e a visitar o seu blog: http://fendaslabiopalatinas.blogspot.com

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